quarta-feira, 11 de março de 2015

Foi assim ... o VI Encontro

Hoje (dia 28/02/2015) encontrámo-nos a cinco: duas pessoas que apareceram pela primeira vez e três que já tinham participado em encontros anteriores, nas quais me incluo.

Depois do aquecimento e das apresentações, as questões que os participantes trouxeram para a sessão foram muito ricas: (i) a escola como uma caixa demasiado fechada: como quebrar a estrutura da escola? (ii) os alunos (jovens entre os 15 e os 16 anos), as regras e a necessidade de as infringir; (iii) as relações entre os professores das artes e os das áreas científicas: uma comunicação impossível? (iv) a construção de um novo projeto e como controlar da ansiedade de pôr uma máquina em movimento? (v) como estabelecer uma relação outra entre a escola e a família num bairro social onde a escola tem uma grande tendência para se fechar sobre si própria? (vi) mais especificamente, como envolver as famílias num processo de desenvolvimento da literacia, que beneficie especialmente os alunos?

Para enfrentar estas questões, cada uma pensou numa personagem que pudesse ajudar a lidar com o problema ou questão que colocara. Surgiram então as seguintes personagens: o Gandhi, o Calvin (que costuma andar acompanhado pelo Hobbes), a Maitena, o Horten.

Interagindo entre si, estas personagens acabam por se encontrar a ler um livro infantil de imagens, com uns monstros a sairem de uma caixa, pregando partidas a crianças que brincam num jardim, que, por sua vez se querem transformar em monstros e assim, sucessivamente, ...



Propus depois a escolha de uma das temáticas anteriores para ser trabalhada pelo grupo. Como a escolha não foi clara, e todas as temáticas tinham como centro a escola, propus que o grupo dramatizasse a relação de uma escola inserida na comunidade, rodeada das entidades que achassem convenientes à sua volta: surgiu uma associação de artistas, a sociedade, uma coletividade desportiva, uma associação, ... Estas entidades foram interagindo entre si e quase não ligando à escola. Depois houve uma troca de papéis: as participantes foram fazer de escola e o objeto que fazia de escola foi fazer das várias entidades que tinham sido evocadas anteriormente. Ao fazerem de escola, as participantes sentiram-se aprisionadas, incapazes de lidar com o exterior, com as várias entidades envolventes.

Quando lhes sugeri então que dramatizassem uma relação ideal entre a escola e as entidades culturais que andam à sua volta, tudo se tornou mais fácil: as fronteiras deixaram de ser fixas, estabeleceram-se períodos de permanência no interior e outros no exterior, numa fluidez e flexibilidade a ser construída de acordo com as necessidades de cada um, de cada grupo.

Na fase da partilha, gerou-se uma conversa entre todas sobre o que tinha acontecido, os papéis desempenhados e como se tinham sentido. Foi dado especial realce à importância da expressão através do corpo, à troca de papéis e à coincidência de se estar a falar da necessidade de sair, de saltar para fora da "caixa" que é a escola e do grupo ter precisamente partido para o ação a partir de uma "história de uma caixa" com monstros lá dentro. Muito interessante.

Margarida Belchior
(Finalizado a 11/3/2015)